O ser no saber
Vejo pequenos furos surgindo nesta caixa.
Jaz escura há muito tempo.
Traz consigo feixes de luz
Que me incomodam sobre maneira os olhos,
Desconforta-me o coração.
Sinto trêmulas, também, as minhas mãos,
Que gotejam pequenas gotas de suor
Na ponta de cada dedo.
***
Penso cerrando os olhos
Atreve-se alguém a me incomodar?
Ao mesmo tempo em que me vejo um passo à frente dar.
Recuo temeroso para trás, mas um pensamento novo surge
Como uma voz e me diz: Vás
Mas logo me assusto
Pois já não são mais furos e sim rasgos
Que se dissipam a minha frente.
***
Fico nas pontas dos pés
De olhos estatelados
Porque não há mais feixes sob a escuridão
Mas, sim, pequenas sombras que ainda pintam o chão
De cor cada vez mais clara e fraca, quase que sumindo.
Junto ao medo que a pouco fazia suar as minhas mãos
E acelerar meu surpreendido coração.
***
Assim vejo o mundo que me abre
E sinto emoções ainda desconhecidas
Dentro de minha caixa ignorante.
Perdidas entre tantas outras
Que ainda estão trancadas e amontoadas
Confortáveis com um vazio e muita escuridão
Em silencio sem saber da luz do saber.
***
Vejo cores, flores. Sinto o cheiro
Novos sabores, algumas dores.
Mas não desespero.
Danço o ritmo. Canto a musica. Refaço a cena
Sou ator e trovador.
De aprendiz a professor
Pois me permito o ser.