Reflexos
Meu rosto de espanto
Assim me vi naquele dia
Olhos arregalados
Assustados pelo acaso
Aquele inicio de dia
Crendo eu que se repetia
Começou no meu banheiro
No reflexo do espelho
Não era eu que ali estava
Não era eu que permanecia
Estática, vislumbrada
Por aquilo que se refletia
Inéditas gravuras me apareciam
De cores diversificadas
Meus olhos não me identificavam
Outros pares me olhavam
Eram negros, verdes e azulados
Brancos, índios e avermelhados
Amarelos, pobres e desajustados
Velhos, jovens e ultrajados
Todos os olhos de todos meus outros dias
Todos os olhos que eu não enxergava
Não eram eles que no espelho me olhavam
Era eu que antes não me via...