Porque eu?

Porque eu?

Não é uma pergunta e sim um olhar

Olhar vago e sem foco, pálido e triste

O rosto se apaga na expressão da pergunta

Porque eu?

A vida te escolheu para pagar as dores do mundo

Podou-te, te colocou entre o abismo e o nada

Estás vazio, sem meta, sem saber o motivo respiras

Porque eu?

Tantos no mundo, tantas alegrias e soluções mil

E agora? O que fazer se a vida me pegou uma peça?

Como entender o que não há como justificar?

Porque eu?

Vi hoje esse olhar na moça de pouco futuro

Senti essa dor pousada no rosto sobre um corpo magro

Percebi o quanto não sabemos, nada de nada, no olhar vago

Porque eu?

Não sei dizer o que senti, se revolta, se falta de cor ou ar

Não pude respirar o ar dividido entre dor e a incerteza

Só sei que me perdi, faltou chão e esperança, cadê Jesus?

Porque eu?

Estava lá a moça, o olhar inexplicavelmente exposto

Eu e minha indignação, a revolta do nada poder fazer

No segundo do olhar se fez milenar a minha incompreensão

Muito menor do que a dela, ali sentada, esperando uma resposta

Porque eu?

Saí de lá como um estrangeiro nessa vida sem lógica

Vi um céu azul e o sol no mundo, caminhando para fora daquele olhar

Que lá ficou fincado na moça jovem, lá no INCA a se perguntar

Porque meu Deus?

Roberto Solano
Enviado por Roberto Solano em 24/04/2013
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