Porque eu?
Porque eu?
Não é uma pergunta e sim um olhar
Olhar vago e sem foco, pálido e triste
O rosto se apaga na expressão da pergunta
Porque eu?
A vida te escolheu para pagar as dores do mundo
Podou-te, te colocou entre o abismo e o nada
Estás vazio, sem meta, sem saber o motivo respiras
Porque eu?
Tantos no mundo, tantas alegrias e soluções mil
E agora? O que fazer se a vida me pegou uma peça?
Como entender o que não há como justificar?
Porque eu?
Vi hoje esse olhar na moça de pouco futuro
Senti essa dor pousada no rosto sobre um corpo magro
Percebi o quanto não sabemos, nada de nada, no olhar vago
Porque eu?
Não sei dizer o que senti, se revolta, se falta de cor ou ar
Não pude respirar o ar dividido entre dor e a incerteza
Só sei que me perdi, faltou chão e esperança, cadê Jesus?
Porque eu?
Estava lá a moça, o olhar inexplicavelmente exposto
Eu e minha indignação, a revolta do nada poder fazer
No segundo do olhar se fez milenar a minha incompreensão
Muito menor do que a dela, ali sentada, esperando uma resposta
Porque eu?
Saí de lá como um estrangeiro nessa vida sem lógica
Vi um céu azul e o sol no mundo, caminhando para fora daquele olhar
Que lá ficou fincado na moça jovem, lá no INCA a se perguntar
Porque meu Deus?