SOU COMO O OUTONO
 
Talvez um dia eu lhe diga quem sou
e compreenderás que sou como o outono...
... como a  folha que desprende dos galhos e cai
e flutua como o vento entre o véu das árvores nuas...
... como o barulho do regato que corre sobre pedras
num cântico quase melancólico e frio de maio...
...como o vento que sussurra segredos entre ramagens
amarelecidas e prontas para o sacrifício...
Talvez um dia eu lhe diga quem sou
e compreenderás meu coração machucado...
...pela solidão das noites frias em que dormias o sono
dormente de sua própria fuga...
... pelas mágoas e marcas de um coração cansado
das oblações sem reconhecimento...
...pelas máscaras policromáticas que cobrem meu rosto
enquanto preciso ser tantas em uma apenas...
Sim... eu sou como o outono...
... na luminosidade e na melancolia...

( Imagem: a autora- montagem feita no site molduragratis.com)