O INVERNO DO LOBO

Ecos no céu de um abril fragmentado,

E algumas insanidades contidas pelas paredes.

Lá fora onde quase tudo é verde,

A geometria se oculta atrás das flores metalizadas.

E o que sobra é o que não vejo, submerso e incompleto.

Entendimento falho e sequenciamento sem lógica,

Suspiros paralisantes e satélites fora de órbita...

Um tiro na noite para atravessar o dia...

Não lembrar é entender o primeiro instante,

E as feridas fechadas sempre acusam:

Nunca foi tão inocente a cor branca dessas cortinas.

Uma profusão de verbos defectivos e desejos,

Amalgamados numa frase meio sem jeito

Que sucumbe ao tempo exíguo e ao desespero,

E nunca fala o que de fato, está no peito.

Minhas idéias são continentes submersos,

Tão arquitetonicamente excêntricos e falhos,

Que só podem abrigar a morte e todas as artes.

Algumas que caçam como répteis aterrorizados

E outras que apenas ignoram o tamanho do meu fracasso.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 23/04/2013
Código do texto: T4255176
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