O INVERNO DO LOBO
Ecos no céu de um abril fragmentado,
E algumas insanidades contidas pelas paredes.
Lá fora onde quase tudo é verde,
A geometria se oculta atrás das flores metalizadas.
E o que sobra é o que não vejo, submerso e incompleto.
Entendimento falho e sequenciamento sem lógica,
Suspiros paralisantes e satélites fora de órbita...
Um tiro na noite para atravessar o dia...
Não lembrar é entender o primeiro instante,
E as feridas fechadas sempre acusam:
Nunca foi tão inocente a cor branca dessas cortinas.
Uma profusão de verbos defectivos e desejos,
Amalgamados numa frase meio sem jeito
Que sucumbe ao tempo exíguo e ao desespero,
E nunca fala o que de fato, está no peito.
Minhas idéias são continentes submersos,
Tão arquitetonicamente excêntricos e falhos,
Que só podem abrigar a morte e todas as artes.
Algumas que caçam como répteis aterrorizados
E outras que apenas ignoram o tamanho do meu fracasso.