Poema a Completar

1.

De volta à composição das imagens, o efeito da paisagem em movimento,

por esses dias rápidos até ao fundo das sombras expostas na solidão.

Da viagem não queria um nome, um destino estudado em postais,

mas um porto abstracto descrito de navios ancorados em cais anónimos.

Uma ponte sobre um rio estendido num desenho de luzes

diluído ao anoitecer do quotidiano.

Da cidade ficariam os rostos de quem não sabemos

e o movimento da vida deixasse uma marca que esclarecesse a melancolia.

2.

Pergunto onde possa reter na memória uma frase,

o instante de um sentimento efémero,

as emoções de quem sabe

que um dia este lugar será outro e de outros.

Num mesmo jardim haverá corpos anónimos na névoa,

à espera da penumbra,

multidões na boca do metro,

e de tudo o mais constante é o silêncio filtrado

nos lábios de personagens de um cinema sem som.

Questiono o sentido sob a luz de candeeiros altos

nesta decomposição de imagens pelos vidros urbanos.