Visceral

Arranco emoções das entranhas

Das mais simples às mais estranhas

Como se arranca planta pela raiz!

Espremo, piso, macero...

Até extrair o sumo

Até restar só a essência

De tudo que minh'alma diz!

Visto com palavras, invento versos!

Tudo se mistura dentro de mim...

Ouço harpas de querubim,

Meu peito se abre em reverência,

Minhas mãos viram escravas...

Vou me desfazendo feito vulcão em lavas...

Morro mil vezes, mil vezes renasço!

Ando mil léguas num único passo,

Voo em tantos céus sem sair do lugar...

Às vezes não alcanço meus pensamentos,

Nem entendo meus sentimentos...

Por isso, transformo tudo em poesia!

Transformo dor em amor, tristeza em alegria!

Fico livre feito criança solta na rua,

Mudo de fases como a lua...

Sou meu próprio veneno e unguento!

Viro ponteiro do relógio do tempo,

Giro para o momento que me convém...

Se não me convém, simplesmente paro

Minhas janelas escancaro

Espero raiar de novo dia!

Me batizo de novo em outra pia,

Mas nunca perco minha identidade...

Sou o retrato da dubiedade!

Minhas metades já se entenderam

Sempre unidas, assim cresceram...

Cada parte minúscula de mim é vital

Eu sou assim: puramente visceral!

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 21/04/2013
Reeditado em 21/04/2013
Código do texto: T4252549
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