Chuva displicente

CHUVA DISPLICENTE

Guida Linhares

Eta que chuva danada

que chega arrastando tudo.

Arrasta a alegria da gente

que mora em rua que enche.

Arrasta também o mendigo,

que logo perdeu seu abrigo.

Um morador debaixo da ponte

da Freguezia do Óh, quase se afoga!

Arrastou também a tristeza,

alojada no meu coração, que beleza!

Mas a saudade fez a minha amiga

chover em versos, emoções desabrigadas.

São as famosas chuvas de março,

que chegam com toda a força,

fechando o verão e invadindo tudo,

deixando até o arco íris meio doido.

E pra não restar a menor dúvida,

as cores se desdobram duplicadas,

pra que esta chuva tão displicente,

vá pra outro lugar, onde a seca mora.

Santos/SP

21/03/07

Participação no sexteto, tema iniciado pela querida amiga poeta santista Gui Oliva, seguido de Eugénio de Sá, Tere Penhabe, Maria Lucia Victor e Marcial Salaverry.

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6. A BELEZA DA CHUVA

Marcial Salaverry

A beleza da chuva caindo...

uma melancolia que vem vindo...

uma sensação estranha sentindo...

um algo que mexe com nossa alma,

quase tirando nossa calma...

uma indefinível emoção,

mexendo com o coração...

um quê de saudade,

talvez de felicidade...

Eis que se avizinha a tempestade...

Raios e trovões,

abalando os corações...

Chuva e tempestade...

causam-nos perplexidade...

uma escolha para a felicidade?

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5. CHUVINHA FINA

MARIA LUCIA VICTOR

Chove, chuva fininha,

chuvinha fina

que minha emoção vem refrescar,

lavo na enxurrada

a paixão mais desvairada

que vive a me atormentar

e, se eu chorar,

faz para mim uma cortina

de água leve a chuviscar,

assim, quem sabe,

esqueço as mágoas

e na chuva fina

me ponho a dançar

como alegre menina

na chuvinha fina a cirandar.

Londrina, 23/03/2007

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4. Enxurrada ou chuvinha, o que preferes?

Tere Penhabe

Na calçada, deixa que corra à vontade

uma boa enxurrada como na infância

banhando os pés sem medo e sem vaidade

fugindo da mãe, à vigilância!

Porém mais tarde, em meio aos anos

caindo na vida e trovejando

que seja a chuva fina e confortante

de preferência, na praia caminhando!

Com o sol a lamentar-se no horizonte

pelo roubo que lhe faz a chuva infante

sorrindo atrevida do seu desencanto

caindo suave sobre sonhos de amante.

E se de repente a enxurrada se formar

e em ventos fortes a tempestade chegar

que a pedra se apresente urgentemente

para impedir-me de tão triste, me afogar!

Santos, 18.03.2007

www.amoremversoeprosa.com

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3. Chuva tropical

Eugénio de Sá

Como um chorinho ela cai, não cai

num bailado gingão e ritmado

deixando assim a gente como vai não vai

olhando o plumbeo céu de luz riscado

E eis que bátegas d'água lá do alto

em agrado a Yemanjá se precipitam

deixando os corações em sobrassalto

perante as torrentes que nela radicam

Que bom é estar em casa nesse tempo

de choros desse céu em sobressaltos

ouvindo na vidraça a chuva e o vento

E porque não então aproveitar

p'ra dançar um chorinho bem gostoso

deixando o coração tamborilar ?

S. José do Rio Preto

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2. CHUVA DISPLICENTE

Guida Linhares

Eta que chuva danada

que chega arrastando tudo.

Arrasta a alegria da gente

que mora em rua que enche.

Arrasta também o mendigo,

que logo perdeu seu abrigo.

Um morador debaixo da ponte

da Freguezia do Óh, quase se afoga!

Arrastou também a tristeza,

alojada no meu coração, que beleza!

Mas a saudade fez a minha amiga

chover em versos, emoções desabrigadas.

São as famosas chuvas de março,

que chegam com toda a força,

fechando o verão e invadindo tudo,

deixando até o arco íris meio doido.

E pra não restar a menor dúvida,

as cores se desdobram duplicadas,

pra que esta chuva tão displicente,

vá pra outro lugar, onde a seca mora.

Santos/SP

21/03/07

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1. Enxurrada ou Chuvinha

o que preferes?

Gui Oliva

repare com o quê ou quem parece

esse tempo que chega assim desajeitado,

traz a umidade quando o dia amanhece,

e permanece com esse ar de encabulado

primeiro foi aquela chuva de enxurrada,

arrebatando o que encontrava pela frente,

de trovão anunciador da sua chegada,

de luzes faiscando o céu da gente

inundou espaços com os seus abraços,

invadiu recantos sem constrangimento e pejos

sonorizou seus sons e ofereceu os seus regaços,

e transbordou das nuvens os seus beijos

de repente...acalmou e despediu-se de mansinho,

disse um adeus traiçoeiro, mal resolvido em meu ouvido,

com trovões ribombando ao longe, em outras plagas,

mas não contente com o estrago feito,

ainda deixou essa chuvinha chorosa e birrenta

que atormenta, e a saudade do passado, não apaga

Santos/SP 18/03/07

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Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 25/03/2007
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