Monotonia
Mal me conheço, mas descubro
Alguém que não tem medo, nem coragem
Vive de sonhos ou miragem
Água morna, rio manso
Nem límpido, nem lodoso
Inodoro, de fato
Intranquilo, não volumoso.
Tão ligeiros meus lances violentos
Tão demorada uma aparente calma
Nada vem da carne ou do bom senso
E muito menos da alma.
Chamo a isto vida de passarinho
Sem compromisso.
Só preguiça e langor
Sem confortável sossego
Ou flamejante ardor.
Sem paixão que algo valha
Minha fé, é fogo de palha
Não acharão em mim grande qualidade
Nem também terrível falha.
A ternura e o fulgor
Passam tão de repente
Que estar vazio parece
Deixar o coração contente
Contentamento tão sem fogo, sem calor
De quem não dorme nem acorda
Num cochilar sonhador
Mas de sonhos passageiros
Como fumaça ou vapor.
Será covardia minha?
Será isso desumano...
Nada acontece de especial
Nada me causa inconsolável dano.
Tenho horror à injustiça
Tenho pena da pobreza
Mas meus gritos contra isto
Não ecoam com certeza
Se outros não correm ao meu lado
Fecho-me na velha lerdeza
E olho de longe impotente
Vivendo só de tristeza.
Tento definir meu perfil
Encontrar a personalidade
Sinto tudo tão sem força
Sem certeza
Sem verdade
Em que eu possa apostar...
São momentos e não vida...
Sei apenas que não sou
Mas somente alguém que está.
Mal me conheço, mas descubro
Alguém que não tem medo, nem coragem
Vive de sonhos ou miragem
Água morna, rio manso
Nem límpido, nem lodoso
Inodoro, de fato
Intranquilo, não volumoso.
Tão ligeiros meus lances violentos
Tão demorada uma aparente calma
Nada vem da carne ou do bom senso
E muito menos da alma.
Chamo a isto vida de passarinho
Sem compromisso.
Só preguiça e langor
Sem confortável sossego
Ou flamejante ardor.
Sem paixão que algo valha
Minha fé, é fogo de palha
Não acharão em mim grande qualidade
Nem também terrível falha.
A ternura e o fulgor
Passam tão de repente
Que estar vazio parece
Deixar o coração contente
Contentamento tão sem fogo, sem calor
De quem não dorme nem acorda
Num cochilar sonhador
Mas de sonhos passageiros
Como fumaça ou vapor.
Será covardia minha?
Será isso desumano...
Nada acontece de especial
Nada me causa inconsolável dano.
Tenho horror à injustiça
Tenho pena da pobreza
Mas meus gritos contra isto
Não ecoam com certeza
Se outros não correm ao meu lado
Fecho-me na velha lerdeza
E olho de longe impotente
Vivendo só de tristeza.
Tento definir meu perfil
Encontrar a personalidade
Sinto tudo tão sem força
Sem certeza
Sem verdade
Em que eu possa apostar...
São momentos e não vida...
Sei apenas que não sou
Mas somente alguém que está.