Labuta do escritor

Tenho três livros para ler,

um café esfriando,

um cachorro faminto esperando a ração

e a minha cabeça pronta para explodir.

Porque não chega logo a sexta-feira?

Estipulei uma conta plausível com meu despertador:

Ele toca às 6 da manhã

e eu me acordo às 11 horas.

Carrego comigo toda dor de anos a fio

escrevendo.

Pulsando o tempo passado,

como que reiterando a derrota diária

de transcrever o passado pela escrita.

É isso que fazem os escritores, não é?

Arrastam a sua dolorida

mão pelo passado para que ele

não nos tome de assalto.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 21/04/2013
Código do texto: T4251424
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