Labuta do escritor
Tenho três livros para ler,
um café esfriando,
um cachorro faminto esperando a ração
e a minha cabeça pronta para explodir.
Porque não chega logo a sexta-feira?
Estipulei uma conta plausível com meu despertador:
Ele toca às 6 da manhã
e eu me acordo às 11 horas.
Carrego comigo toda dor de anos a fio
escrevendo.
Pulsando o tempo passado,
como que reiterando a derrota diária
de transcrever o passado pela escrita.
É isso que fazem os escritores, não é?
Arrastam a sua dolorida
mão pelo passado para que ele
não nos tome de assalto.