O todo em mim - II *
O que eu tenho conquistado em mim já não se perde mais
E de cada pouquinho que me constitui
Forma-se o todo que é muito mais que eu
E sou tanto eu, que não sou só eu
Sou todos em mim, transpiro você
Transbordo eles, suspiro nós.
São vários, são todos,
Sábios e tolos;
Insanos!
Holograficamente constituída:
Tramando, tecendo...
Trançando a vida.
É tudo tão eu!!!
Dessa sensação de plenitude incompleta
que levo na aura e na alma...
O contrassenso de estar só
e tão bem acompanhada,
não pela solidão,
mas pelo acolhimento dos que estão em mim,
cada um com seu tamanho de ser em mim...
cada um com sua fome de sorver de mim.
Pra onde olho, estão aqui (estás aqui!).
E posso tê-lo(s) sempre, e sê-lo(s) de algum jeito.
E quando um, materializado,
em pele e olho e cheiro e gozo,
está em mim, talvez esse,
justamente ele,
seja o único que nada me deixará
e, possivelmente,
um pedaço meu poderá dilacerar,
acabando não só com uma parte de mim,
mas, terrivelmente,
com uma parte desse todo em mim!
*Acontece que um poeta recantista, o Sérgio Neves, ao ler uma explicação sobre o poema em prosa, disse que eu tinha completado o próprio poema. Sendo assim, coloquei aí!!!! Obrigada, Sérgio!!!