POEMETO
Sinto lhe dizer: não tenho nada,
Nem chama de viver as coisas tolas,
Nem vida que se sonha meio à toa,
Nem gosto de orvalho a desdizer.
Sou seiva espessa no horizonte,
Perdido entre folhas de um monte
Formado pela paz do amanhecer.
Talvez, nisso queira teu olhar fervido,
Me ver entre nuvens, compungido,
Até essa vista se render.
Mas nunca há de ver, pois que sozinho
Eu vou criando nós em meu caminho
Sob a lua-fuzil do anoitecer.