Ode ao coletivo
O nosso caos é a alma
Anima a nossa aldeia
A nossa fúria é calma
Que pulsa na nossa veia
Nosso tambor é a palma
Que a noite incendeia!
Nosso tempero é misto
Erva nova e ancestral
Em nossa gamela o malvisto
É arma no arsenal
E se lá se põe qual cisto
Se extirpa sem um sinal!
O nosso espaço é o todo
Sem muro, cerca ou arame
Atropelamos o engodo
De quem seu dono proclame
Não aceitamos o lodo
Se este nos marca ou difame!
Corujamos nossas crias
Quais cães em guarda às matilhas
Partilhamos alegrias
Criamos odes às guerrilhas
Cantamos versos à alforria
Projetamos novos dias!
Nossa panela é aberta
Livre de qualquer pressão
Nada nela luz liberta
Na mistura em construção
Caldo que engrossa e se acerta
Nos remetendo à amplidão!