[O Exercício da Perda]

Tem razão, tem razão... eu falto!

E que me importa se não existir razão,

isto é, se não existir nenhuma razão

além do ponto final,

do batente-de-fim de linha?

Faço cinzas das horas

que antecedem um encontro,

exercito a perda [qualquer perda]

antes que ela ocorra,

quero sentir a dor do corte

antes da lâmina correr na carne,

antecipo a morte só por saber

que ela é inevitável...

Faltar, deixar o lugar vazio

ante os olhares pasmados

é um fina arte a ser praticada

com esmero, elegância!

Adoto, sempre que dou conta,

o que diz Fernando Pessoa:

"Respiro melhor agora que passaram as horas dos encontros,

Faltei a todos, com uma deliberação do desleixo,

Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que'eu saberia que não vinha.

Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida."

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[Desterro, 14 de abril de 2013]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 18/04/2013
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