Às vezes
Às vezes eu me oponho
ao teu jeito tristonho
de encarar a vida
às vezes me desfaço
deixo-me prender em teu laço
Acato as tuas inquietações
Faço-me senhora de tuas ilusões
Às vezes por piedade
outras por pura maldade...
Às vezes me revisto
de impossíveis fantasias
às vezes não resisto
e me atiro às agonias
de viver, de não-amar
de querer ser o senão
na vida de um poeta triste
por não ter mais ilusão
por não vivenciar a paixão
por saber que a morte é certa
e não escolhe momento
e assim busco livrar-me
de tanta tristeza e lamento
Às vezes sou desespero
contemplando a noite fria
outras me olho no espelho
e retomo a alegria
às vezes sou a ternura
de uma carícia roubada
às vezes sou a criatura
mais infeliz, menos amada
Porém, às vezes sou luz
que reflete e te seduz
numa noite de verão
aplacando essa dor
minimizando o sofrimento
unindo o meu coração
à alma de um grande ser
que extasia meu viver
e me desperta a emoção...