O ANDARILHO... 88
Sombra que desliza na noite, solitário, sem ninguém,
Perambula, sem rumo, seu destino está aquém,
A cada esquina, para, como se esperasse alguém,
É anônimo, companheiro da fome e dela se fez refém...
Transita nos parques, enquanto todos dormem,
Só entra em bons lugares depois que os outros saem,
Seu alimento é a sobra, se não comerem,
Dinheiro no bolso, apenas a esmola, se lhe derem...
Quando chove, se molha, pois abrigo não tem,
Se tiver uma dor, aguenta, vai dizer para quem,
Deita para sonhar, mas até os sonhos o excluem,
A solidão o acorda, está só e de chorar seus olhos ardem...
Ao olhar para o céu, conta as estrelas, que aparecem,
Em seu devaneio, pensa serem belas crianças a lhe sorrirem,
Na noite sombria, reza, pedindo a Deus que com ele falem,
Encontra alguém, tenta sorrir... Mas, todos dele fogem...