Água
O mar estremecido vai de lá para cá, descabido.
Ondas brandas na planície vêm e vão, jusante.
Não sabem se fica no mar ou deságua no chão.
Mas só até a chegada do trovão no céu reluzente.
A nortada avassaladora vem de repente...
E lá no fundo não se sabe se peixe ou serpente.
Ah, o mar...
Tão longe e tão perto, tão cheio de eco.
Seu tamanho não tem mais fim, porém a solitude é infinita.
A não ser o canoeiro que ali passa na labuta e nunca fica o tempo inteiro.
Canoeiro, um personagem real e persistente.
Mas...
O apito do navio negreiro quebra o silencio do mar, e a fragata vem bailando sobre as águas.
E o olheiro com geladura à espera da estiada...
A procura de uma ilha para se hospedar, no entanto, nos quatro lados é laguna.
Ah, o mar sempre a receptar....
Lindo, cheio e vazio, nunca morre está sempre a recrescer.
Cheio de gente do mar que é bicho, mas que também é vivo.
Quem dera fosse de água doce, banharia o mundo, mataria a sede de muitos, porém o mundo não o compreenderia e mais de uma vez o sujaria.
E se o rio não existisse, o que seria de nós, “extintos”.
Pobres mortais do antepassado, que foram um dia por Deus agraciado.
O criador nos deu a terra, o céu e mar.
Um lugarzinho para plantar e a fome matar.
Deu o arco íris e o céu e as estrelas, para nossos olhos alegrar.
Quanto o mar ou rio não importa, são águas.
Enquanto uns secam, outros transbordam