Morre-se

morre-se

Morre o portão

A janela, as ruas,

as ilusões morrem

de inanismo..

Morre tudo...

Até meu peito tantas vezes morreu.

De fome, de desejo também se morre.

De ter amado com gulodiça

De ter esperado em demasia;

Morre com razão

E mesmo sem razão

Morre porque é vivo

Porque arde,

Porque não se aguenta ficar mais de pé...

Pula

Dói

De tristeza ou de secura,

De asma, foi assim com seu Gerson,

Ou de fome, como Ananias,

Ou atropelado de caminhão como foi

Com Carlinhos .

Ou de saudade como a mulher de seu Caroba;

Alguns morrem jovens

Os velhos de cansaço

Mulheres traídas morrem um pouco também...

Tem uns que morrem e passam a vida

Toda se fingindo de vivo,

Quando seus olhos não fala

De outra coisa,

As flores duram pouco

O sol dura um dia ( há aqueles que

Falarão que ele volta – mas só depois da noite)

As estrelas, uma noite

Amizades esfriam como morte,

Não importa como é

Nossa barca singra,

escorrendo para o fim.

E vamos deixamos coisas

Mortas pelo caminho.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 15/04/2013
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