O TEMPO QUE ME RESTA

O TEMPO QUE ME RESTA

O tempo escoa com a emoção.

Ele enrijece a frágil articulação.

Amolece o rígido músculo do jovem.

E enfraquece o osso do idoso.

O ouro é oxidado com o ar?

Creio que não, então não teria tal valor.

Mas faria o que com ele no alem?

O dólar é corroído pelo cupim.

As ações despeçam na bolsa.

O diamante continua brilhante?

Pensar que ele já foi carvão!

Que a pressão tirou a opacidade

Deu lhe rigidez e brilho

Mas faria o que com ele no alem?

O terno foi ruído pelas traças,

O cabelo escoou pelo ralo,

A borboleta foi queimada na floresta,

O castelo destruído pelo terremoto,

A ilha inundada num tsunami,

Restou o ancião sozinho no escombro,

Restou o fóssil sem animo para viver,

Restou a espécie errada de humanidade,

Faltou a festa no final do curso,

Faltou a folia no êxito do tratamento.

Faltou a eternidade nos “felizes para sempre”

Fico a pensar nesta roupa que eu uso

Quantos remendos ela ira ainda ter

Quantas nódoas ela irá ganhar

E quando o pelado eu se for,

Como esta roupa ficará?

André Zanarella 25-06-2012

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 15/04/2013
Código do texto: T4241473
Classificação de conteúdo: seguro