Intransitivo

Ah sim, terei então de dizer-te tudo o que sinto, tudo o que penso?

Mas penso tanta coisa... e sinto tanto mais.

Não, não me peças pra apontar-te como o que tu és. Seja o que tu és, e basta!

Quero-te assim, sem mais nem menos.

O que penso de ti? Esquece, abra os olhos e olhe-me de frente: o que vês? Hein, o que

[vês?

Veja que nos olhos que as vezes vacilam em te fitar, erram em te buscar, reside tudo o

[que sinto. E apenas sinto, não quero pensar.

Pro inferno! Como quereria ou poderia eu pensar em trejeitos e afins diante de teu

[corpo nu beijando minha pele também nua?

Quero pensar em ti apenas quando, longe, sentir saudades.

Aí sim, pensarei muito em ti porque pensando sentir-te-ei. E o que eu quero é sentir.

(poema publicado na revista eletrônica Desenredos - http://www.desenredos.com.br/)

Vander Vieira
Enviado por Vander Vieira em 14/04/2013
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