Intransitivo
Ah sim, terei então de dizer-te tudo o que sinto, tudo o que penso?
Mas penso tanta coisa... e sinto tanto mais.
Não, não me peças pra apontar-te como o que tu és. Seja o que tu és, e basta!
Quero-te assim, sem mais nem menos.
O que penso de ti? Esquece, abra os olhos e olhe-me de frente: o que vês? Hein, o que
[vês?
Veja que nos olhos que as vezes vacilam em te fitar, erram em te buscar, reside tudo o
[que sinto. E apenas sinto, não quero pensar.
Pro inferno! Como quereria ou poderia eu pensar em trejeitos e afins diante de teu
[corpo nu beijando minha pele também nua?
Quero pensar em ti apenas quando, longe, sentir saudades.
Aí sim, pensarei muito em ti porque pensando sentir-te-ei. E o que eu quero é sentir.
(poema publicado na revista eletrônica Desenredos - http://www.desenredos.com.br/)