Poesia que não acaba

Cada grama de poesia pesada no papel queima uma veia partida na sua aurora

(o silêncio também dado completa e diz tanto quanto as palavras poderiam ou não)

a palavra não sai feito poesia sem bulir,

sem fustigar sentimento e coração,

e quando a pele não é a do poeta ele não sente a lâmina

sensacionista que o corta a todo instante plural

essa de fingimento é puro fingimento,

o poeta é um mentiroso por gosto

e por não saber verdade também

por isso ele sente pra tentar achar um dia uma verdade –

que ele nunca acha mas finge que acha

Cada pedaço de tempo jogado à mesa de meus versos condensa um pedaço de mim

poeta excêntrico postulante a poeta onde se encontram todos os acasos do mundo

como numa estação de trem, linha minas/es, às 7 da manhã, prim! prim!

o ócio vira oração, frase solta, oh!,

deixa a palavra escorregar pelos aposentos da língua

– pega pelo pé essa daí que é bélica!

– é de letra de guerra e de morte que falavam?

é de letra de amor, seu insensitível !

Cada poente que leva consigo um dia cheio de poesia pra morada azul da noite

comunga comigo suprametafisicamente por ser dia, por ser azul da noite, por levar poesia

Vander Vieira
Enviado por Vander Vieira em 14/04/2013
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