Poesia que não acaba
Cada grama de poesia pesada no papel queima uma veia partida na sua aurora
(o silêncio também dado completa e diz tanto quanto as palavras poderiam ou não)
a palavra não sai feito poesia sem bulir,
sem fustigar sentimento e coração,
e quando a pele não é a do poeta ele não sente a lâmina
sensacionista que o corta a todo instante plural
essa de fingimento é puro fingimento,
o poeta é um mentiroso por gosto
e por não saber verdade também
por isso ele sente pra tentar achar um dia uma verdade –
que ele nunca acha mas finge que acha
Cada pedaço de tempo jogado à mesa de meus versos condensa um pedaço de mim
poeta excêntrico postulante a poeta onde se encontram todos os acasos do mundo
como numa estação de trem, linha minas/es, às 7 da manhã, prim! prim!
o ócio vira oração, frase solta, oh!,
deixa a palavra escorregar pelos aposentos da língua
– pega pelo pé essa daí que é bélica!
– é de letra de guerra e de morte que falavam?
é de letra de amor, seu insensitível !
Cada poente que leva consigo um dia cheio de poesia pra morada azul da noite
comunga comigo suprametafisicamente por ser dia, por ser azul da noite, por levar poesia