Escolha nossa de cada dia
Está tudo arrumado
Numa frente parcial de fatos
Dispostos em fileira
Irrelevantes, mas necessários
Escolha costumeira
Tropeçando nas próprios defeitos
Apontamos, meio sem jeito
Mortes, vidas, o novo sujeito
Enquanto acabamos em ruína
Deve ser sina, ou despeito
A conveniência da escolha
Vomitamos conceito
De dentro da nossa bolha
Coagidos no começo
Mas agora com as próprias pernas
Ditando o que vemos pela sombra
No escuro das cavernas
Fazem-se os peritos caseiros
Críticos vidrados
Apalpando a realidade
Baixando regra
Mesmo que cega
Mesmo que ninguém se importe
Mesmo que fosse melhor a sorte
Branco ou preto
Esquerda ou direita
Mas nunca "tanto faz"
Pois isso já é desfeita
Aparente convicção
Mesmo em face de suspeita
De fato, sempre há caso
Este ou aquele
Em que não cabe descaso
Mas por que não deixar nos outros
Que as vezes aja o acaso?
Por mais acaso, aleatoriedade, desapego!
Deixemos de vestir a camisa, de cantar o hino
Chega de A ou de B determinantes
Morremos pela conclusão
Matamos pelo ego
Vivemos eterna questão.