INCÔMODOS

Morremos por um constante conta-gotas.

Vivemos na sacrificante dúvida que brota

A cada passo da vítima de presença suicida,

Que extermina o tempo, do frasco da vida.

Ninguém conhece os desígnios da morte,

Tampouco do destino, do azar e da sorte.

Nada bule, nada se revela. Tudo é secreto.

Até o mais humilde ser se mantém discreto.

Contudo, aprendizes lançam apostas.

Blasfemam sobre simuladas propostas.

Fazem desafios, sussurram presságios.

Afrontam o obscuro por velhos adágios.

Os mistérios que regem a ordem do mundo,

Sobrevivem ao herege adivinho iracundo.

Somos os navegantes de um mar inconstante,

Que grulha na tormenta, que canta na vazante.

A crença divina perdura ante o fogo do mal,

Que permanece coesa, ciente de seu ato final.

A fé sustenta a esperança sublime do asceta,

Pois a Palavra ensinada, é a glória do Profeta.

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