Devaneios Famintos

Minha fome que devora ossos

entre os cães da misericórdia

ladrando e uivando doentio

por essas vielas escurecidas

entre as nódoas de uma paixão

obscurecida, apodrecida;

entre as carcaças angelicais

espatifadas e caídas às sarjetas.

Minha fome que devora a carne

entre lençóis de cetins e sedas

tão caras como a morte tardia

de um planeta inóspito que vaga

entre as vagas elípticas orbitais

que eu observo entre dois quintais

cheios de mato cerrado, queimado;

e a fumaça já guardou viagens astrais.

Minha fome e minha boca cheia de dentes

quase doentes de tanto mastigar

essas partituras tão duras que corroem

minhas entranhas, e é tão estranha

a sensação dessa ebulição estomacal

que me sinto bem, que me sinto mal

enquanto explodem movimentos contrários

ao novo olhar errático governamental.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 14/04/2013
Código do texto: T4239992
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