O tempo e o vento

Tempo, o enxadrista supremo

Que em uma jogada, um momento

Desequilibra meus pensamentos

Levou-me como o vento

Maltrata-me por fora

Distraia-me por dentro.

A tua fria harmonia

De não cessar a agonia

No tabuleiro evidencia:

O teu exercito é o abatimento

Nossa rainha a alegria.

Nossos peões, a juventude

Que se iludem com virtude

São cobaias do seu experimento.

Os cavalos, nossa força

Que são tão estáveis o qual uma gangorra

Se não souber usá-los, só os resta a forca.

Nossa fé? este é o bispo

Que vive em altos e baixos

Que para o tempo não demonstra risco

Pode morrer de auto-assassinato.

As torres, o conhecimento

Essas sim, são uma afronta ao tempo

Que se bem usadas prolongarão a partida

E privilegiarão os enxadristas da vida.

Por fim, o rei, nossa alma e corpo

A peça mais vulnerável do jogo

Que quando morto, seja de aborto,

Seja no mundo...

Só nos restará o silêncio profundo.

Felipe Alves Freitas
Enviado por Felipe Alves Freitas em 14/04/2013
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