O tempo e o vento
Tempo, o enxadrista supremo
Que em uma jogada, um momento
Desequilibra meus pensamentos
Levou-me como o vento
Maltrata-me por fora
Distraia-me por dentro.
A tua fria harmonia
De não cessar a agonia
No tabuleiro evidencia:
O teu exercito é o abatimento
Nossa rainha a alegria.
Nossos peões, a juventude
Que se iludem com virtude
São cobaias do seu experimento.
Os cavalos, nossa força
Que são tão estáveis o qual uma gangorra
Se não souber usá-los, só os resta a forca.
Nossa fé? este é o bispo
Que vive em altos e baixos
Que para o tempo não demonstra risco
Pode morrer de auto-assassinato.
As torres, o conhecimento
Essas sim, são uma afronta ao tempo
Que se bem usadas prolongarão a partida
E privilegiarão os enxadristas da vida.
Por fim, o rei, nossa alma e corpo
A peça mais vulnerável do jogo
Que quando morto, seja de aborto,
Seja no mundo...
Só nos restará o silêncio profundo.