O Povo

O povo governa o presságio e a esperança,

se afunda na cisterna do suor, sua herança,

revolve terras, graxas, faz fumaça e cifras,

e feliz em si, bebe na noite suas migalhas.

O povo leva a colher à boca do cofre feroz,

entrega sua cota de sangue ao feliz algoz,

vende seu tempo e colecionando lua a lua,

a sua vida, seus dentes, sua alegria inútil.

O povo consegue fazer o saldo vivo, o filho,

um futuro esculpido para o mesmo martírio,

para rodar os dias e os séculos conformados,

reacenderem a luz e se prenderem na cruz.

Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 13/04/2013
Reeditado em 21/04/2013
Código do texto: T4238627
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