O Povo
O povo governa o presságio e a esperança,
se afunda na cisterna do suor, sua herança,
revolve terras, graxas, faz fumaça e cifras,
e feliz em si, bebe na noite suas migalhas.
O povo leva a colher à boca do cofre feroz,
entrega sua cota de sangue ao feliz algoz,
vende seu tempo e colecionando lua a lua,
a sua vida, seus dentes, sua alegria inútil.
O povo consegue fazer o saldo vivo, o filho,
um futuro esculpido para o mesmo martírio,
para rodar os dias e os séculos conformados,
reacenderem a luz e se prenderem na cruz.