O TEMPO

A vida é muito fugaz

Para os viventes da terra,

O tempo envelhece a todos,

A quem acerta e quem erra

A gente é quem mato o tempo

E o tempo é quem nos enterra.

O tempo é igual na terra

Pro nababo e pro farroupa,

Envelhece ao tubarão

Como envelhece a garoupa,

Mas à guisa de dinheiro,

Dá juros pra quem o poupa.

A gente nasce sem roupa

E vive a fase de criança,

O tempo traz a velhice,

Monstro da desesperança

E só a vida permanece

Depois de cada mudança.

O tempo faz a cobrança

Da dívida grande ou pequena,

Depois que o presente julga

O passado é quem condena

E o tempo é irredutível

Na aplicação da pena.

O tempo não sai de cena,

E na sua sutileza,

Dá fealdade a plebeia,

Decrepitude a princesa,

O tempo é um invisível

Destruidor de beleza.

O tempo traz a certeza

De uma vida madura,

Os embates da velhice

O medo da sepultura.

O tempo destrói o ferro

Quanto mais nossa estrutura.

O tempo é riqueza pura

E tesouro que muito rende,

Existe até um ditado

Que a essa tese defende:

Quem tempo e tempo perde

Com o tempo se arrepende.

Sei que o mundo compreende

Que ao tempo muito se deve,

Na corrida contra o tempo

Ser forte ninguém se atreve

E, com o tempo, o tempo apaga

As páginas que a vida escreve.

VICENTE REINALDO
Enviado por VICENTE REINALDO em 13/04/2013
Reeditado em 14/04/2013
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