Das Guitarras até os Auspícios das Minhas Loucuras

Em sons regurgitados das guitarras

elétricas e adeptas de um blues

enterro minhas carcaças de cigarras

que cantaram e morreram bem depois

dos cadáveres putrefatos dos fatos

corriqueiros entre mil sóis em devaneios

e a cuia onde eu bebi de sangue quente

já fez coagular os meus escrúpulos.

Tão boa seria a voz de Deus acústica

cantada em partituras extrovertidas

refazendo mortes e ceifando vidas

em cálidos vulcões tão adormecidos,

mas Ele já não fala com os homens

e aqui e ali só deixou a desordem

de mil assassinatos entre as orgias

que vejo nas televisões vadias.

Cansado e entrecortado pelo caustico

suor que rasga face a luz da lida

que sóbrio vou trilhando na berlinda

no aguardo de um apocalipse inexistente

que faz tremer e faz endoidecer a gente

que se apega e já não prega pregos nas cruzes

somente um par de estrelas onde reluzem

as fossas tão desfocadas do amor perdido.

E nas esquinas das amarguras um ébrio destino

corrosivo como as chuvas pálidas de Netuno

aonde eu adormeço e esqueço o prumo

de todos os alicerces desconstruídos,

e a face já desgastada daquele velho menino

me olha e observa minha insensatez

e no dia do revertério pira de vez

tentando me compreender em analogias.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 13/04/2013
Reeditado em 13/04/2013
Código do texto: T4238411
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