Das Guitarras até os Auspícios das Minhas Loucuras
Em sons regurgitados das guitarras
elétricas e adeptas de um blues
enterro minhas carcaças de cigarras
que cantaram e morreram bem depois
dos cadáveres putrefatos dos fatos
corriqueiros entre mil sóis em devaneios
e a cuia onde eu bebi de sangue quente
já fez coagular os meus escrúpulos.
Tão boa seria a voz de Deus acústica
cantada em partituras extrovertidas
refazendo mortes e ceifando vidas
em cálidos vulcões tão adormecidos,
mas Ele já não fala com os homens
e aqui e ali só deixou a desordem
de mil assassinatos entre as orgias
que vejo nas televisões vadias.
Cansado e entrecortado pelo caustico
suor que rasga face a luz da lida
que sóbrio vou trilhando na berlinda
no aguardo de um apocalipse inexistente
que faz tremer e faz endoidecer a gente
que se apega e já não prega pregos nas cruzes
somente um par de estrelas onde reluzem
as fossas tão desfocadas do amor perdido.
E nas esquinas das amarguras um ébrio destino
corrosivo como as chuvas pálidas de Netuno
aonde eu adormeço e esqueço o prumo
de todos os alicerces desconstruídos,
e a face já desgastada daquele velho menino
me olha e observa minha insensatez
e no dia do revertério pira de vez
tentando me compreender em analogias.