Quando a saudade bate a porta
Já estamos quase em novembro
O ano está passando tão depressa
Que mal tive tempo de piscar os olhos
E os frutos da árvore já amadureciam
No quintal de casa
Olho pela janela
Avisto uma folha de jornal
Ser levada pelo vento
Como é bela esta cena
A rua toda deserta
E apenas aquela folha de jornal
Cheia de noticias trágicas
Bailando livremente no firmamento
Redimindo-se de todos os seus pecados
Os ponteiros do relógio cessam
Por um instante apenas
Sinto que viver vale a pena
...
A névoa encobre a cidade
Com suas claves de gelo
Escuta-se passos
Um incessante
Abrir e fechar de portas
Rompendo o silêncio
Paro por um momento
Fecho os olhos
Escuto as batidas do meu coração
Contarem-me um segredo
Abro os olhos
Sinto uma brisa suave
Acariciar-me o rosto
Como se fossem as mãos
da minha falecida esposa
...
Uma lágrima escorre pela minha face
Fazendo brotar no solo um poema.