CANTO 87
Amador Filho.
Uma áscua ardente mortifica todo meu ser, neste conspícuo momento de introspecção.
Minha dor é sem remédio, por isso a tenho escondida de todos.
Dor indiscutível, irresistível, invencível e irreversível.
Tenho sorvido todas as taças de aflitivas desilusões, e sempre encontro fel no fundo das mesmas.
A vida só reservou para mim a porção mais amarga...
Tenho sentido as dores lancinantes que vergastam as almas sensíveis dos infelizes como eu.
Porém o pranto me dá certo alívio, assim como um vulcão fica mais tranquilo depois de expelir do seu interior grande quantidade de lava ígnea.
Lá fora as minhas árvores estão engrinaldadas de flores, num ambiente de suaves aromas.
Santa Luz, inverno de 2012.