Coitados dos que se entregam
I
Para que me veja. Pra puxar assunto,
à distancia de uma mesa,
quis perguntar o que estava escrito na lousa
pro menino bonito à minha frente,
mas eu enxergo as letras perfeitamente
e não sou boa em fingimentos.
Deixa pra outra.
II
De fato é bonito o menino da frente.
Diria: de fato, é fatal o teu sorriso
e mais mortífero ainda quando eu sou o motivo
II
E aqueles olhos? Hospício.
Deixam qualquer um louco ao percorrer os círculos:
íris, pupila e até o cílios
III
E os beijos? Precipícios.
Provocantes da queda livre dos sentidos,
queda da vergonha e dos arrepios que caem da cabeça aos pés
e os deixam suados
(só não caem as borboletas no estômago que voam na barriga dos apaixonados).
IV
E quando há paixão, poucos são os que a contestam,
tão vulneráveis, frágeis de tão frágeis
á mercê de toda impulsividade...
Coitados dos que se entregam!