Tudo parece acabado, arruinado, estragado,
Tudo parece esquecido, envelhecido, apodrecido,
Tudo parece morto, perdido e sem sentido.
Tudo parece escuro, triste e tenebroso,
Que nem ouso pensar com que tudo parece.
Tudo parece eterno, tudo um inferno, tão moderno,
Tudo parece o caos, um fim de mundo,
Um deus-nos-acuda, uma tão necessária fuga.
Tudo parece tão destruído, tão destituído,
Tudo possuído pelas garras de um mal
Que se eterniza...
 
Tudo parece irreal, anormal, superficial,
Tudo parece ideal, tão banal, coloquial,
Tudo parece falso, carece de ideologia,
Excede em hipocrisia, tudo dá essa azia,
Tudo parece só apologia.
 
Parece que a única verdade em nossas palavras
Uma grande e pretensiosa horrorosa mentira,
Que é o que tudo seria se não fosse o que é,
O que é realmente e o que viria a ser finalmente
Se não insistisse em ser assim sempre outra coisa,
Única coisa que consegue ser, só isso que de fato é.
 
Aqui tudo parece possível, mas é inviável,
Tudo parece plausível, mas é insuportável,
Tudo parece factível, mas é insustentável,
Tudo parece incrível, mas é incontrolável.
 
Tudo parece esse ardor, essa dor, sofrimento
Tudo parece derivar desse mesmo tormento,
Tudo sem alento, tudo parece o meu alimento,
E experimento a vida em goladas pequenas
E morro nas tardes amenas
Sou sepultado em madrugadas serenas,
Eu e as estrelas apenas...
Tudo parece forte, um norte,
Tudo parece a morte, se tivermos sorte,
E vem a vida e me leva tudo,
E me leva junto para bem distante
Vem a vida e me traz este silêncio
Para tudo parecer ainda com essa dor
Essa dor eterna que parece amor,
Porque é...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 09/04/2013
Reeditado em 25/04/2021
Código do texto: T4231641
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