Pódio da Vida
Dias galopantes, as horas voam.
A alma fria estremece mais,
ante o som uivante dos ventos,
ante o dissabor, do tempo a rolar.
Quê fiz, o quê fizemos nós,
que justifique o castigo atemporal?
Olho nos seus olhos, você me olha,
sons inarticulados a escapar.
Sim e não, não respondem a questão,
que lançamos há tempos atrás.
E hoje calados, sussurramos gemidos,
rostos contristados, o chão a olhar.
Tudo é remorso e perdão,
porquê só agora, dantes não?
Fomos nossos próprios inimigos,
carregamos em vão o fardo da dor.
Ódio, inveja, competição, tão ocupados,
sem sequer nos darmos conta,
de que o grande troféu no pódio,
precisaria de todos nós para ser levantado.