CASA

tua casa é tão confusa quanto tua mente genial

que me faz viver,

e faz perguntar como deve ser viver em paz

e faz perceber que nada satisfaz tanto

quanto a certeza de que a paz é relativa

instável, bagunçada,

cheia de coisas pelos seus cantos,

tal qual por enquanto tua casa.

vou amarrar uma corda

uma ponta em mim, outra na tua porta

e vou me jogar sem medo

contra seus segredos sussurados

contra a poeira de teus pensamentos

guardados em jornais

enrolados em sacos de supermercado.

tua casa é tão confusa quanto a cabeça

tua vida é tão dura, a menos que esqueça

que vives melhor de que muita gente

que pra frente vai sem mesmo ter futuro

e que futuro mesmo tu tens?

Tu tens alguém ao teu lado

para amar e levar pra casa inacabada

essa tua outra casa bagunçada

só de metáfora e espírito

vai fazer dos teus filhos cabeças cheia de graça

cheia de roupas de cama

espalhadas pela casa

assim mesmo como fôra

tua casa hoje arrumada um dia,

mas pra quê de tarde faz-se a cama

que se vai dessarumar da noite pro dia?