Perguntas inúteis
A zebra é branca com listras pretas?
Ou o contrário? Não importa!
Quem me garante que
Ela não é azul, vermelha, verde ou roxa?
Quem me garante que ela não se veste assim
Com vergonha de ser lilás com bolinhas abóboras?
E o amanhã que parece ontem?
Como ter certeza que o amanhã
É, ou melhor, será mesmo o amanhã se
Ele será o ontem e o hoje também?
Fico muito perdido com
O passado, presente e futuro!
E o futuro? Dizem que ele é agora
Mas agora é o presente
Se o presente é o futuro
Então quem é quem?
E o futuro distante? Ele é tempo,
Não é espaço, não pode ser distante.
Sábias palavras de Alberto Caeiro:
“Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é o bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.”(1)
Mas uma coisa é certa:
Somente a arte é eterna e
O artista imortal.
Mas se o artista morre
Como pode ser é imortal?
A única pergunta útil é:
O que farei da minha vida?
(1).Pessoa, Fernando. Tabacaria e outros poemas. P. 24. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.