BARCO À DERIVA

BARCO À DERIVA

Brisa...

Uma onda...

Estou num barco...

E estou à deriva e só...

Zumbis dançam Ravel...

Num bolero de partes mortas...

No ponto que estou vejo tudo ocorrer.

Sinto o balanço da onda e a brisa no meu ser.

Vejo o sentimento bons trocados pelos péssimos

E imagino a drogados zumbis dançando o Bolero de Ravel;

Com agulhas hipodérmicas contaminadas de HIV matando lentamente,

Grávidas drogadas trazendo a terra umbralinos deformados pela toxidade.

O barco balança na onda caótica de minha mente revoltada com essa sociedade...

Sociedade de mortos vivos, de vampiros sanguessugas que querem apenas nos matar.

Somos os inocentes pagando o preço de pais sem pulso firmes para falar apenas um não

E o bolero desenfreado de notas precisas e instrumentos coesos lembra uma procissão fúnebre...

Meu barco como tantos outros se encontram no mar da solidão dos retos e assustados,

Que veem os zumbis riscando os carros e pixando os nossos muros impunemente.

Olho do lado e do outro e vejo tantos anjos com asas amarradas por medo;

Medo de gritar contra o nosso sistema falho que deixa tudo impune.

Que daqui a pouco tirara o prazer dos anjos inocentes para o mal,

Falta proibir meu passeio pela praça num domingo à tarde,

Falta proibir minha sobremesa com licor de cassis;

Mas não proíbem, ou melhor, não punem.

Não punem os malditos zumbis loucos.

Vampiros da sociedade doente.

Meu barco está neste mar...

Estou sozinho a deriva...

Vejo a impunidade...

Vejo a injustiça...

Sinto a onda...

A brisa...

Só.

André Zanarella 02-07-2012

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 08/04/2013
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