PONTO
Ao quanto de nó nos-é rito
E assiste sem contradizer
Que é afinal o teu mito
O dito que faz o saber
O soube que nunca afinal
Ousa o impossível saber.
Se sabe até por castigo
O rito de não mais poder
Aquilo que dita o pressinto
Sem nunca saber perceber
Se à boca que sabe não-ser
É ser o que sou e não minto.
O dia é a tarde cerzida
Na vida de duas razões
A vida que tem por inteira
E a outra de vivos senões
A coisa que flama e esgueira
A hulha de tais sensações.
Há tanto de si neste-aí
Que o rito afogou-se ao sinal
Da trinca de formas fugazes
Às formas que são afinal
Aquilo que havia sentido
Ao termo qualquer do final.
Pousada na trama das vestes
A lenda que forma o que foi
Desfaz a aparência de dois
A coisa que só de unidade
Parece depois no espelho
O caso de até ter saudade.
E joga no mundo à deriva
Os traços de espaço-sentir
A forma que nunca aparenta
Saber por si-mesma parir
A vida que soube ser vida
Cismada na foz do existir.
Espera teu cravo de rosas
No vaso do corpo tremente
A luz que arde nas fossas
As fossas de luz penitente
As tintas que nunca pintaram
O Outro que sabe o que sente.
Tecido das coisas tomadas
Das coisas já velhas de si
E a música ainda na estrada
Compondo seu próprio elixir
Que sabe saber não mentir
Que tudo só é no sentir.