Mergulho no Invisível

Um poema não escrito

É assim como um sonho não contado.

Submerge no esquecimento

antes que o segundo pensamento lúcido

dissipe dos olhos

o encanto.

Às vezes, no meio do dia,

palavras soltas do verso esquecido

invadem.

Lembrança ou inspiração?

Seja como for,

estranha a sensação.

Um saber o que não se sabe.

Um sentir o que não se sente.

Uma vontade de comer uma coisa e não saber o que é.

E a poeta,

que não sabe lidar com "quases",

mergulha no invisível

atrás do canto da sereia.

Algumas vezes, retorna com uma pérola entre os dedos.

Outras, só traz dentro de si o mergulho.

Confesso

que entre a pérola e o mergulho

eu abro os dedos

e salto.

(Flávia Côrtes - Junho de 2012)