Delírios de um mestrando desorientado
O que eu quero?
Eu quero dominar o tempo.
Esse forte, modificador, realizador instrumento.
Que vale tudo, mas não vale nada, pois por ele não se paga.
E como administrar 2 anos?
730 dias, 17.520 horas, 1.051.200 minutos!
Como não dá?
Mas dá, é claro que dá.
Mil dissertações, mil artigos, mil congressos. Eu irei.
Anabolizar o Lattes, isso eu também farei.
Lerei no banheiro, no ônibus, na sala de espera da clínica médica.
Riscarei as paredes do meu quarto com insights de madrugadas.
Acordarei suado e delirante com ideias revolucionárias.
Mas onde eu estava, quando assistia Bangu x Figueirense?
Quando assistia mulheres de areia numa tarde quente?
O tempo se vai, se esvai, escorrega vagarosamente, imperceptivelmente pelas mãos.
Ah! Essa erosão silenciosa...
O tempo para o mestrando é a areia de uma grande ampulheta.
Mas cuja não se pode virar.
De areia que cai lentamente, e nos ludibria com seu grande volume no topo.
Quem me dera ter mais tempo.
Quem me dera ter o tempo.
Vossos tempos, novos mestrandos, começam agora.
Virai então vossas ampulhetas.