a poética das incertezas

desviei os meus olhos

meu corpo e minha alma

de todas as certezas

que de longe eu mirei

e de perto me espantei

e com as minhas verdades embrulhadas

debaixo da minha consciência

e me esqueci de viver

as verdades que eu acreditava

e que me nutriam

e que me alicerçavam

e fingindo que a vida

era só de certezas

hoje estou certo

que as incertezas

são as verdades a serem seguidas

sem crivos maléficos

e sem certezas

eis a beleza da vida

a poética das incertezas

que vira pó diante dos olhares

que se cercam

e se anestesiam

e se putrificam

e se multiplicam

como sementes

com os estercos

da poesia

a irrigar

os devaneios

certeiros

cegos

sem egos

em vitrines

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 07/04/2013
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