a poética das incertezas
desviei os meus olhos
meu corpo e minha alma
de todas as certezas
que de longe eu mirei
e de perto me espantei
e com as minhas verdades embrulhadas
debaixo da minha consciência
e me esqueci de viver
as verdades que eu acreditava
e que me nutriam
e que me alicerçavam
e fingindo que a vida
era só de certezas
hoje estou certo
que as incertezas
são as verdades a serem seguidas
sem crivos maléficos
e sem certezas
eis a beleza da vida
a poética das incertezas
que vira pó diante dos olhares
que se cercam
e se anestesiam
e se putrificam
e se multiplicam
como sementes
com os estercos
da poesia
a irrigar
os devaneios
certeiros
cegos
sem egos
em vitrines