roda pé
o escuro de que falo
não é escuro da noite
que vem quando se fecha
o dia ou as portas da casa
o escuro de que falo
é desse mais perto, que
nos habita nas carnes,
e que nos amolece os
ossos e corta como navalha
é esse escuro que se
esconde no tempo, que
nunca vai embora como
se fosse um fermento,
que nos finge tamanho
mas são pedaços dispersos
e aberto que em verdade
não se cola, e que choramos
por ele e nos debatemos
sem ele, é o escuro que
se não tiver, nos perderemos
já que ele é nossa parte
guardada, é nosso rodapé