PASSAGEIROS
Dorme a grande cidade
debruçada sobre o seu rio.
Em seus olhos esdrúxulos
correm o medo, a solidão.
Somos todos passageiros
deste trem,
veios maiúsculos de
ôntica consciência.
Sofremos mazelas
nesta condenação do viver.
Dormem em nós
minúsculos resquícios
deste exercício.
Nele, a impressão
de que ainda somos peixes.
Do livro O SÓTÃO DO MISTÉRIO. Porto Alegre: Sul-Americana Editores, 1992, p. 110.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/42268