REFORMA
tua forma feminina
ainda anda pela casa.
Com ela,
chegaste comigo
qual cabra-cega:
com os olhos fechados por minhas mãos
e com os dedos soltos no ar. Parecias despencar!...
seguiste-me,
corredor adentro,
atrás do caminho que meu cheiro te provocava,
qual um abre-alas.
Apresentei-te à flor de plástico no vaso sobre a mesa,
disseste-me que nela havia cheiro de campo;
enquanto, flutuando sobre o tapete barato da sala,
andavas mercando liberdade
como se em tua volta não existissem paredes, rodapés, portas nem vidraças,
enfim, nada mais que pudesse silenciar
o exercício pleno do amor.
Participei-te a cama
só para não topares os dedos,
— dos pés! —
pois, ainda vendada,
sentes o cheiro da minha espera sobre o lençol de linho. E deitas!...
não há mais nada para mostrar-te:
Toca-me?...