Um conto de gente, não de fada
A história começou
Como muitas...
Nascer, andar, crescer...
Seria bem comum
Se não fosse singular,
Pois em sua família
Cada um tinha
Um dom particular.
A mãe, aos outros,
Vivia a indagar
Se um pedaço de si
Não podiam restaurar.
O pai, um sultão,
Bebia a vida...
Sua inteligência e solidão
Buscava destilar.
E então veio mais um,
Seu irmão pequenino...
Um pedaço de seu mundo
Viu em sua volta
A vida lhe roubar....
E tudo foi difícil:
Crescer, amar, ser...
A menina foi crescendo,
Sem ninguém inteiramente
A lhe amparar.
E decidiu mesmo crescer,
Para, de certa forma,
Se fazer notar...
Porém,
Se queria aparecer...
Do mesmo modo,
No fundo,
Quis se resguardar.
Criou então uma couraça
E prendeu tudo
Dentro de si mesma,
Onde nem ela poderia encontrar.
Um dia,
Já bem grande,
Tendo um filho a ensinar
Deu-se conta que por dentro
Só tinha cacos a ofertar.
Procurou, assim, ajuda
E encontrou, como uma dádiva,
Uma artesã de pensamentos,
Arqueóloga de sentimentos,
Que pra sua rota
Mostrou novos caminhos
Possíveis de se trilhar.
Como não era águia, nem fênix
Encontrou outro jeito
De se metamorfosear
Livrou-se de um grande peso e
Juntou todos os seus cacos,
Compondo um lindo mosaico,
Para a nova vida
Poder redesenhar!