Solidão.
Não que eu me perca nos poentes
Sobre os terraços tantos, cinzas
De prédios frios e calados.
Não que eu me esqueça entre os semáforos,
nas esquinas tontas, que bifurcam vidas.
Não que eu me acostume sempre à mesa vazia,
A mesma taça, ao lugar de eterna espera.
Não que as chagas ainda incomodem
A ponto de sangrar
mas esse tom púrpura de outono
essa foto onde o olhar que me prende
não me pertence
assim como a poesia que me persegue
em versos que tento alcançar,
E toda essa insistência em manter-me
Ainda, tão parecido comigo
Com o que me preserva seguro e antigo,
É para verdadeiramente não me olhar
Como se devagar se esvaísse
qualquer forma de amor
Que não se fez, exatamente amar.
Tonho França