Solidão.

Não que eu me perca nos poentes

Sobre os terraços tantos, cinzas

De prédios frios e calados.

Não que eu me esqueça entre os semáforos,

nas esquinas tontas, que bifurcam vidas.

Não que eu me acostume sempre à mesa vazia,

A mesma taça, ao lugar de eterna espera.

Não que as chagas ainda incomodem

A ponto de sangrar

mas esse tom púrpura de outono

essa foto onde o olhar que me prende

não me pertence

assim como a poesia que me persegue

em versos que tento alcançar,

E toda essa insistência em manter-me

Ainda, tão parecido comigo

Com o que me preserva seguro e antigo,

É para verdadeiramente não me olhar

Como se devagar se esvaísse

qualquer forma de amor

Que não se fez, exatamente amar.

Tonho França

Tonho França
Enviado por Tonho França em 22/03/2007
Código do texto: T422348