Flor que cae

Varre-me para longe

Folhas do outono

Sopre-me inquieta

Alisios do oeste

Não me deixem pensar

Chuva que cai incessantemente

Não me deixe parar

Raios que clareiam e rasgam o céu

Faz de mim a flor que desabrocha

E rapidamente é soprada para longe da árvore

Sem perceber voa livremente

Sem ter consciência que cai

Que seu futuro é o duro chão

Esmagada sob os pés

Que carregam o cruel desejo

De arrancar as outras flores da árvore

Por favor, não quero pensar

Não permitam seres celestiais

Místicos, Deuses, anjos

Não me deixem pensar

Não consigo vislumbrar o futuro.

Então por favor, deixem-me ser livre

Antes de ir ao chão

Não me obriguem a apodrecer no galho

Sabendo que meu futuro

Era uma curta liberdade

E o beijo do chão

Não me obriguem a ver e não alcançar

Mas, imploro-vos, permitam

Que eu sem saber

Siga caindo livremente

Porque a queda de uma única flor ao chão

É mais bela, e mais pessoal

Do que todo o florescer da primavera!