VIDA IMPERFEITA

Ao desencanto da pétala imperfeita
nada pode o canto
da cotovia insuspeita.
Há males na vida. Feras
à espreita.
Na alma comovida eras
a redenção. Talvez não.
Teu jeito de ser amigo
é defeito sem abrigo.
Há quem espere o abraço
antes do braço no ombro.
Há quem nada saiba
do amor. E até nem caiba
numa carícia, espanto-assombro.
Haveria um jeito em que fosses
magias de infância, sonhos, doces;
a elegância própria da inocência.
Juntos seguiríamos abismos
e num ato qualquer da demência
seríamos proclamados atores
premiados. A suprema essência,
superando dores,
supurando odores
da ferida latente,
da vida demente
que amamos e não queremos.

Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 03/04/2013
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