Quereres!

A vista é quase tão boa quanto a fotografia.

É como ver um postal da janela do hotel.

E querer acreditar na beleza de um pincel,

Que disfarça cada margem do que tenho a

dizer.

O silêncio entre as palavras soa tão angelical.

Perfeição em alto grau.

Acrobacias de desejos num papel.

A carta na manga do réu.

Duas colheres de inferno num copo de céu.

A língua trava.

A garganta engasga.

E por alguns segundos falta ar.

A gente brinca de acertar o que de mais o

outro quer.

E se quiser,

Deixe que o mundo lá fora procure por nós.

E no emaranhado dos nossos lençóis,

Miscigeno, meio dor e meio paz,

Me prove que a tua voz

É o adorno principal do carnaval dos

carnavais.