Ainda nem Amanheceu... Mas Bebi todos os Sóis

Ainda nem amanheceu

e o céu do seu olhar

relampeja o meu sentir

triste e só a trovoar.

Ainda nem amanheceu

e as horas pararam de passar

parou o transeunte no liceu

para aprender, para ensinar.

E nas paredes dessa alcova

pôsteres de galáxias mortas

e um quadro empoeirado

que não viu a vida continuar.

Olho os santos na escrivaninha

e olho as velas a crepitar

há rosas, risos e margaridas

e há uma alma a desencarnar.

Ainda nem amanheceu

e minha mente é devaneio

de um contraponto ou entremeio

onde repousarei as asas de cera.

Ainda nem amanheceu

e o seu sol já quer partir

para seus filhos ir parir

em uma cama suja de hospital.

E nas paredes dessa alcova

sombras e sonhos encardidos

tão desregrados e destemidos

que esvoaçantes me fazem rir.

Olho os santos na escrivaninha

e já não há nenhuma ladainha

e velas votivas dispersas ao léu

espalhando pedidos sem fé e nem fel.

Ainda nem amanheceu

e já não encontro meu chapéu

nem algum rumo esporádico

nem aquele grito letárgico.

Ainda nem amanheceu, mas eu parti...

Ainda nem amanheceu, mas bebi todos os sóis...

Ainda nem amanheceu,

e minhas flores derreteram com os orvalhos...

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 02/04/2013
Código do texto: T4220524
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