A MORTE POR SALVAÇÃO

Meu santo protetor

apieda-vos desse

pobre miserável

que sofre horrores

por não conseguir viver

apenas de contemplação.

Prometi sublimá-la

fui a terreiros

fiz macumba

subi o Morro de costas

de joelhos

mas nada adiantou.

Foi tudo em vão.

O jejum de um ano inteiro

cai por terra quando

sinto o cheiro dos seus versos

entrando por minha janela

enebriando meus sentidos

enquanto cozinham em panela de barro

ao sabor do apimentado tempero africano.

Ai de mim!

O seu cheiro acorda minha fome

contraindo meus músculos internos

por tanto tempo quietos, adormecidos

em solidariedade à devoção.

Meu bom santo

consciente estou

da seriedade do meu pedido

mas não posso mais continuar assim.

Me leve na primeira esquina

não suporto mais viver nessa aflição.

Iris Rago
Enviado por Iris Rago em 02/04/2013
Reeditado em 05/04/2013
Código do texto: T4219398
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