A MORTE POR SALVAÇÃO
Meu santo protetor
apieda-vos desse
pobre miserável
que sofre horrores
por não conseguir viver
apenas de contemplação.
Prometi sublimá-la
fui a terreiros
fiz macumba
subi o Morro de costas
de joelhos
mas nada adiantou.
Foi tudo em vão.
O jejum de um ano inteiro
cai por terra quando
sinto o cheiro dos seus versos
entrando por minha janela
enebriando meus sentidos
enquanto cozinham em panela de barro
ao sabor do apimentado tempero africano.
Ai de mim!
O seu cheiro acorda minha fome
contraindo meus músculos internos
por tanto tempo quietos, adormecidos
em solidariedade à devoção.
Meu bom santo
consciente estou
da seriedade do meu pedido
mas não posso mais continuar assim.
Me leve na primeira esquina
não suporto mais viver nessa aflição.